
Somos seres humanos ou seres consumidores?
Nossa identidade se confunde com o que consumimos e também, com o que nos recusamos a consumir.
Os direitos humanos estão sendo, gradualmente, substituídos pelos direitos de consumidores. Não mais se quer saber com quem você anda, mas querem saber o que você compra, o que você usa, o que você consome. Nossas referências estão sendo trocadas por marcas, cores e produtos.
O comercial da TV pulou para o feed ou timeline das redes sociais. Agora, o anunciante sabe o que eu ando pesquisando no google, sabe o que comprei e em que loja o fiz e sabe até o que eu não gosto (porque eu não curti a postagem anterior ao anúncio). A todo tempo e o tempo todo somos reduzidos a consumidores. Em minha diversão ali está a oferta, antes do vídeo eu vejo mais anúncios, durante a música ali está mais comerciais, sobre a foto surge um comercial, em todo momento são confrontados com o consumo.
E quem irá nos proteger? Em 11/09/1990, é promulgada a lei 8.078, o lei do direito de defesa do consumidor. Destaco três direitos fundamentais que estão na lei: proteção da vida, da saúde e da informação em relação aos produtos e serviços que nos são ofertados. Assegurar que produtos e serviços não se tornem uma ameaça para as nossas vidas, seja por uma adulteração ou o uso de elementos nocivos, seja pela falta de informação que compromete a nossa decisão de consumo.
A lei nos ajudou a levantar a voz contra aqueles que não se importam com as vidas humanas. Nós, consumidores, aprendemos que não temos que aceitar qualquer coisa ou qualquer serviço. Hoje, temos clareza sobre nossas escolhas. Rejeitamos produtos, marcas e empresas que não estão em conformidade com a lei e com a proteção da vida. Aprendemos a dizer não, a escolher e dar valor aos produtos e serviços que contribuem com a construção de um projeto de vida.
Por Tranquilo Dias,leigo missionário comboniano