“Tenho grande alegria, ó Senhor, em fazer tua vontade”
Quando, à luz do Espírito, descobrimos o chamado de Deus e encontramos nele a razão pela qual vale a pena investir tudo até o ponto de dar a vida, alcançamos o alvo. O resto ocupará um lugar marginal porque encontramos nossa pérola preciosa. Como saber se isso é realmente o nosso tesouro? Hoje Jesus nos dá uma prova infalível: a alegria. Quem encontra Deus e toma a decisão de segui-lo nas várias modalidades da vida, tem o rosto resplandecente e os olhos brilhantes, como acontece com Moisés toda vez que fala com o Senhor (Ex 34,29). Seu semblante reflete a mesma luz que resplandece na face de Cristo, exemplo de vida plena. Quando estamos inseridos/as dentro do plano de Deus, não podemos deixar de ser felizes e generosos/as. É uma alegria que é plenitude, realização, gratidão e fortaleza. Não se trata de uma sensação passageira, mas de um estado de ânimo permanente que persiste apesar das adversidades. É uma alegria que nada e ninguém tira.
Sua fonte não é a satisfação merecida pelas conquistas do dia a dia, mas a certeza de termos encontrado o “mais” tão desejado, além da garantia da presença de Deus ao nosso lado. Se nós tivermos isso, nada e ninguém fica negligenciado. Pelo contrário, iremos fazer com prazer todas as outras coisas e prestaremos a devida atenção a todas as pessoas que estão ao nosso redor. Quem se deixa envolver no dinamismo do Reinado de Deus, aprende a amar como Ele ama. O pai, a mãe, o irmão, a irmã, a casa, a pátria e todas as outras pessoas e coisas que deixamos para trás para seguir Jesus, não são desprezadas, mas amadas em Deus, envolvidas naquele cuidado generoso que brota do coração do Pai. Quem ama a Deus apaixonadamente não deixa de amar os/as outros/as. O Pai não quer que descuidemos dos/as irmãos/ãs para amá-lo. Seu amor é prioritário, mas não excludente. É inclusivo. Compreende a inteira família humana e toda a obra da criação. Ele sente-se cuidado quando cuidamos das suas criaturas, sobretudo daquelas mais descuidadas. Inclusive, quanto maior é nosso investimento no Reino de Deus, tanto maior é nossa dedicação às suas causas: o/a pecador/a, o/a faminto/a, o/a despojado/a, o/a encarcerado/a, o/a enfermo/a, o/a sem teto e o/a violado/a em seus direitos. Nossa vida e nossas relações afetivas se tornam ainda mais plenas, cuidadosas e felizes. Como é bom descobrir que Deus quer nossa felicidade e poder dizer com o salmista: “Tenho grande alegria, ó Senhor, em fazer tua vontade” (Sl 40,8). (pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano).