Testemunho do Padre Teddy Keyari Njaya, missionário comboniano do Quénia
O meu nome é Teddy Keyari Njaya, um padre missionário comboniano da diocese de Eldoret, no Quénia. O Quênia é um dos países que está localizado na parte oriental do continente africano. Eu nasci em uma família de seis, em que somos três meninos e três meninas, e eu sou o quarto nascido. Meu falecido pai se chamava Philip Keyari, ele faleceu quando eu tinha onze anos, e minha mãe se chama Margret Nakhumicha.
No que diz respeito à história da minha vocação, tive o desejo de me tornar sacerdote quando estava na escola secundária, sobretudo durante a aula de educação religiosa cristã. Ao saber da chegada dos primeiros missionários na África, sobretudo no Quênia, as dificuldades que eles enfrentaram, como aprender as línguas locais do Quênia, enfrentar doenças como malária, cólera, bem como as hostilidades que recebiam do povo. Além das hostilidades recebidas de algumas comunidades, eles também foram acolhidos e receberam abrigo. Alguns desses missionários eram do ramo católico, como os padres do Espírito Santo, Missionários da Consolata, Jesuítas etc. Os missionários protestantes foram os primeiros a chegar ao Quênia antes dos católicos.
Fui batizado ainda bebê, meus pais me apresentaram à vida da Igreja, recebi minha primeira comunhão e o sacramento da confirmação. Eu participava das atividades juvenis da igreja, sobretudo todos os finais de semana. O pároco costumava comprar várias revistas, uma das quais é a revista New People – Gente Nova, publicada pelos missionários combonianos no Quénia. Um dia, o padre nos deu a revista gente nova para queimar, mas antes, demorei um pouco para ler e entender o conteúdo, não queimei as revistas, distribuí para o restante dos jovens que se interessaram em ler. Enquanto lia a revista, deparei-me com a história de vida de São Daniel Comboni, desde o seu nascimento até à sua morte no Sudão. Eu estava realmente inspirado por sua vida. O que mais me tocou foi que, sendo o único filho sobrevivente da Família de oito, ele teve que arriscar, ir para a África com o propósito de realizar o trabalho de evangelização, principalmente com sua afirmação, “África ou morte”.
Depois de ler a revista New People e conhecer a história de vida de São Daniel Comboni, percebi que existem missionários combonianos que trabalham em várias partes do mundo. Entrei em contacto com eles, através de um padre ugandês chamado padre Paulino Mondo, que um dia veio à minha paróquia de origem, pouco antes de terminar o liceu, falou da vida missionária dos combonianos. A partir daí, entrei em contato com ele, enviou-me um livro escrito por padre Neno Contran cujo título até agora me lembro, esse caminho pode ser seu. Através do encontro com o Padre Paolino Mondo, lendo a revista nova gente e do livro escrito pelo P. Neno Contran. Discerni-me ao Instituto Comboniano.
Assim que comuniquei à minha Família o desejo de me juntar aos missionários combonianos, alguns ficaram um pouco relutantes em aceitar, porque tinha acabado de terminar o meu quarto ano de ensono médio, e tinha recebido uma carta para ingressar na universidade pública para fazer o curso de engenharia. Fiquei um pouco na dúvida entre ingressar na universidade para estudar engenharia por cinco anos ou ingressar na Formação Comboniana e treinar como religioso por dez anos. Após um momento de discernimento e consulta, optei pelo caminho mais longo.
Fiz minha experiência de pré-postulado em Nairóbi por um período de um ano, trabalhando nas favelas, durante esse período, principalmente ajudando a ensinar os alunos carentes para que tenham acesso à educação. Depois de admitido no postulantado para estudar filosofia. O caminho formativo no postulantado me ajudou a abrir minha mente para as realidades da vida de maneira crítica, o que também aprofundou minha maturidade humana. Depois fiz o noviciado em Uganda por dois anos, tempo de espiritualidade, aprofundando minha relação com Deus e aprendendo a língua luganda, depois fui designado para São Paulo no Brasil para os estudos teológicos. Aprender português não foi um fenômeno novo para mim, pois tive a experiência de aprender outras línguas. Voltei ao Quênia para o serviço missionário, trabalhando entre os nômades de Turkana. Posteriormente fui ordenado diácono nesta missão e após a ordenação sacerdotal, fui destinado para a mesma Comunidade por seis anos, e para outra Comunidade comboniana em Nairóbi, trabalhando na Animação Missionária, para sensibilizar a igreja local sobre missionariedade da Igreja, por um período de três anos, fui destinado ao Brasil para trabalhar entre os povos indígenas. Estou feliz por estar no Brasil entre os povos indígenas que são acolhedores. O que eu posso dizer em poucas palavras é que, a evangelização não é apenas mudar os outros, mas sobretudo mudar a mim mesmo. A vocação é uma caminhada inacabada da conversão.