Testemunho missionário de Manuela Martin no Equador
O meu nome é Manuela Martín e sou de Teruel, Espanha. Cheguei ao Equador em 1973 e lá eu estive até voltar para Espanha, devido a problemas de saúde. Agora estou em Saragoça.
Metade da minha vida missionária foi dedicada à Animação Missionária, junto às Pontifícias Obras Missionários, tanto a nível nacional como no Vicariato de Esmeraldas. Nós éramos um equipe inter congregacional que preparava as Campanhas Missionárias, as da Juventude sem Fronteiras, e as Infância Missionária. Em nível continental, a cada quatro anos, com a equipe das POM, preparamos os Congressos Missionários do Continente (COMLA ou CAM). O trabalho em equipe com religiosos-as e Igreja local foi uma experiência muito enriquecedora e válida na minha vida missionária.
Dediquei também muito tempo e energia à formação dos Animadores Infantis da Infância Missionária. Vocês não podem imaginar o que as crianças são capazes de fazer quando motivadas! Me lembro que uma vez em uma escola, uma menina ficou tão sensibilizada que pediu pra sua mãe trazer a mala porque ela queria ser missionári. A menina tinha 7 anos.
Outra criança tinha ouvido falar sobre o poder da oração e como Jesus ouve a oração das crianças. Os professores perceberam que a menina tinha dificuldades e adormecia na aula. Quando a professora lhe perguntou o que estava acontecendo, ela disse que seus pais estavam em processo de separação. Por isso que ela se levantava de noite para pelos seus pais, e o que ela poupava dava para as crianças da infância missionária. Ela só pedia a Jesus para que seus pais não se separassem. Depois soubemos que seus pais se reconciliaram e casaram-se pela Igreja. As orações da menina tinham conseguido o milagre. Hoje o casal faz parte do Movimento da Família Cristã.
Passei quase toda a minha vida missionária na província de Esmeraldas, onde a maioria é Afrodescendente. Uma região com muitos jovens, que sabem viver com pouco e compartilham com quem não tem. Vivem as festas com grande alegria e com um entusiasmo que contagia todo o mundo. Lá conheci Serafin, um homem muito idoso, a quem eu levava a comunhão todos os dias. Uma vez sua casa pegou fogo e os vizinhos o tiraram de lá muito ferido. Levaram-no para o hospital e enquanto o médico lhe tratava as feridas, ele não se queixava. Então o médico lhe disse: “Reclame Serafin, porque eu sei que está doendo.” Mas ele respondeu: “Você só está fazendo cócegas”. Depois o senhor Serafin me disse que oferecia tudo a Deus pelos jovens e crianças.
Trabalhei também com catequistas, na preparação para os sacramentos de crianças, jovens e adultos. Foi muito bom ver com quanto entusiasmo participavam! Foram anos muito intensos, vividos com grande alegria apesar das dificuldades.
Hoje só posso agradecer ao Senhor por tudo o que compartilhei com as pessoas de Esmeraldas. Acredito que posso resumir minha vida dizendo que aprendi muito delas e que recebi muito mais do que que eu mesma pude dar.
Manuela Martin, Comboniana no Equador