
Tragédia em Bayeux Exige Nossa Indignação e Coragem
Hoje é um dia triste, marcado por um profundo pesar. Serão enterrados dois jovens que foram encontrados decapitados na manhã de ontem (09) em uma área de mata dentro do Parque Estadual do Xem-Xém, no município de Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa. Trata-se de Renan Douglas, de 16 anos, e Wendel de Caldas, de 24 anos. Eles eram do bairro Jardim Veneza, comunidade de João Pessoa. Estavam desaparecidos há cinco dias. De acordo com a PM, os corpos estavam em um alagadiço, sem as cabeças e com as mãos amarradas. Os moradores da comunidade estão profundamente abalados. Renan e Wendel eram muito queridos. A vida lhes foi arrancada por um ato de barbárie cometido por assassinos que ceifam todo dia a vida de trabalhadores e trabalhadoras, agentes de segurança pública, militantes de direitos humanos, brasileiros e brasileiras de todas as idades, mas atingindo com mais crueldade a juventude negra e pobre das comunidades da periferia.
Está na hora de admitir uma vez por todas que a barbárie no Brasil não tem mais limites (Elias Gasda, jesuíta). Ela sempre esteve entre nós. Nossas relações sociais sempre foram mediadas pela violência, mas hoje está incontrolável. Sua natureza destrutiva está presente não só na criminalidade organizada e nas guerras entre as facções, mas também na ignorância, no negacionismo, no fanatismo, no ódio, na mentira descarada, na corrida armamentista, na incapacidade de atitudes positivas e criadoras, na concorrência desleal, na ganância, na ambição, no individualismo exasperado, na falta de empatia e compaixão, no sucateamento das políticas públicas, na obsessão pelo poder e no desejo incontrolado de destruição. A barbárie é onipresente. Virou uma pandemia. Está na hora de dar um basta. O que acontece no Brasil é a barbárie em estado puro. O que mais assusta é ainda vez o silêncio e a omissão dos “bons”, inclusive das nossas instituições. Na falta de coragem, não é apenas a segurança individual que está em jogo, mas a existência da humanidade. Somente a coragem é capaz de nos proteger da devastação. É preciso denunciar a barbárie que se apresenta sem disfarce na política de extermínio (Elias Gasda, jesuíta). Como dizia Santo Agostinho, a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las. (Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)