Três anos do Massacre do Rio Abacaxis: Sociedade Civil Exige Justiça e Responsabilidade dos Acusados
A falta de providências após o indiciamento dos acusados do Massacre do Rio Abacaxis foi trazida ao debate público em um evento que marcou os três anos do trágico acontecimento, ocorrido em agosto de 2020. O evento foi organizado pelo laboratório Dabukuri – Planejamento e Gestão do Território na Amazônia, vinculado ao Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e ocorreu entre 2 e 4 de agosto no auditório Rio Solimões, do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS).
O Caso e os Fatos Recentes
O caso envolve uma série de torturas, ameaças e violações aos direitos humanos cometidas por policiais militares. Sob a alegação de combater o tráfico de drogas, esses atos resultaram na execução de seis pessoas e no desaparecimento de duas, causando indignação e clamor por justiça.
Após três anos, a Polícia Federal indiciou o ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, e o coronel da Polícia Militar Airton Norte. Cerca de 130 policiais são investigados. No entanto, o caso ainda aguarda denúncia na Justiça Federal e está sem procurador responsável no Ministério Público Federal (MPF).
Debates e Emoção nas Palavras dos Participantes
Durante o evento, representantes das comunidades ribeirinhas e indígenas relataram as violações sofridas e cobraram justiça.
“O Governo do Amazonas autorizou esse massacre; o próprio governador, e hoje temos sofrido as consequências da irresponsabilidade dele. Quantas autoridades, juízes e delegados já passaram por esse caso? Quem teve a coragem e competência para dizer que o Governo é culpado? Nós sabemos que ele é culpado,” expressou um participante, em meio a relatos emocionados de dor, indignação e esperança.
“Não estamos aqui para pedir indenização. Só queremos Justiça. Queremos que as pessoas que torturaram, que mataram, que estavam nesse movimento, sejam punidas. Perdemos nossas vidas, paz, liberdade e autonomia. Não matamos ninguém. Não roubamos ninguém. Não fizemos nada disso, mas estamos pagando”, afirmou uma liderança indígena do povo Maraguá.
Os participantes também denunciaram a crescente invasão de territórios por madeireiros, garimpeiros e grileiros, cobrando a construção de uma base de segurança da Polícia Federal na região.
Conclusão e Futuro
O encontro serviu como um espaço para fortalecer a busca por justiça e manter viva a memória do Massacre do Rio Abacaxis. As palavras dos participantes ressoaram um chamado unânime por responsabilização, justiça e proteção dos direitos humanos.
O procurador da República no Amazonas, Fernando Merloto, e outros membros do poder público presentes no evento reconheceram os desafios e prometeram continuar trabalhando para resolver os conflitos e trazer justiça às vítimas.
A sociedade, através de eventos como esse, continua a pressionar por responsabilização e reformas significativas que protejam os direitos e a dignidade de todos os cidadãos, principalmente aqueles em comunidades vulneráveis.
Com informações do site cptnacional.org.br.
Foto: Steffanie Schmidt, colaboradora da Ascom – Cimi Regional Norte I