Um Encontro Transformador com Jesus
“Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica limpo”. No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. Então Jesus lhe disse: “Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles”.
Quer conhecer o que Deus quer? Faça como o leproso. Ele demonstra saber o que é necessário fazer para conhecer a vontade de Deus, “dobra-se” a Jesus, não à “ideologia religiosa do templo”. Recorre à única pessoa que pode desvendar este mistério, ao contrário dos doutores da Lei e dos religiosos que presumem saber tudo a respeito de Deus, até mais do que o próprio Jesus. “Senhor, se tu queres…” é a súplica de quem não se conforma com a visão perversa, discriminatória e excludente da religião tradicional. É a senha que dá acesso aos segredos do coração de Deus; é a imploração de quem está sedento de saber o que Ele pensa e quer de verdade.
Jesus responde de imediato com uma reação física. Ao contrário do nojo dos sacerdotes e dos fiéis tradicionais, sente compaixão, conta o evangelista Marcos num texto paralelo (Mc 1,41). Dá dor nele ouvir e constatar o tamanho das crueldades atribuídas ao Pai, transformado num terrível carrasco. Depois estende a mão e o toca, indo contra toda lei discriminatória e todas as medidas prudenciais. Reverte tudo o que a religião oficial ensinava. O leproso pode chegar a Deus antes de ficar curado. Os gestos chegam antes das palavras. A cura começa pela aproximação no lugar do distanciamento, pela acolhida em vez da exclusão, pelas carícias no lugar das reprimendas. Depois vem a Palavra, “a pedra angular sobre a qual se fixa a nova imagem de Deus” (Ermes Ronchi): “Eu quero: fica limpo”.
Eis o que Deus quer. Deus se importa com o leproso e com todas as pessoas que sofrem. Padece com elas. Envolve-se na sua dor, sobretudo aquela causada pelo desprezo e a exclusão. Deus é bem absoluto. Deseja o melhor de todos seus filhos e filhas, independentemente da situação em que se encontram. Ele quer que todos/as tenham vida em abundância (Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)