UMA PRESENÇA DE AMOR ENTRE OS PECADORES
Onde está Jesus? Com quem anda? No início da Sua missão O achamos no fim da fila dos pecadores para receber o Batismo de João Batista. Ao longo da vida frequentou as casas dos cobradores de impostos, acolheu prostitutas e encontrou delinquentes. Na hora da morte, está pregado na cruz entre dois malfeitores. Não teve sorte nem com seus amigos mais chegados. Teve quem o traiu e o renegou. Em suma, sempre andou com “más companhias”, “Diga-me com quem andas e direi quem tu és’”, diz o ditado popular. Pela natureza de suas amizades não gozava de boa fama. Se naquela época existissem celulares, as fotos dele em companhia de “tranqueiras” estariam em todas as redes sociais.
E o Pai, o que acha disso? Qual é Sua opinião a respeito dos “amigos” que o Filho frequenta? Em resposta a estas dúvidas, o evangelista Marcos conta que, quando Jesus estava saindo das águas do Jordão, depois de ter recebido o batismo de João Batista, eis que de repente os céus se abriram e o Espírito, como pomba, desceu sobre Ele. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu querer”. O Pai apoia. O Filho está certo. Seu lugar é no meio dos pecadores. É para eles que prioritariamente foi enviado. Justamente porque anda com estas pessoas que o Pai o reconhece com Seu Filho amado. A imagem de Jesus na fila dos pecadores é a cara do Pai. A contemplação daquela cena corrige em nós a falsa imagem de um Deus Todo-Poderoso, juiz implacável que vem para condenar as pessoas. Nada disso. Jesus no meio dos pecadores nos apresenta o poder de um amor que se despoja de tudo e se torna servo, tomando sobre si o mal do mundo. O encontro com Ele se dá justamente onde nunca pensávamos de encontrá-lo: no nosso pecado, na nossa fraqueza. “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu”, havia profetizado João Batista. Não se trata da força bruta, do uso da violência para supostamente endireitar as pessoas, do recurso à tortura para consertar quem não presta, do abuso do poder com a desculpa de acabar com a violência, matando quem a pratica. Nada disso. Este tipo de força só destrói e devasta tudo e quem encontra pela frente, atingindo inclusive pessoas inocentes que não têm nada a ver. Aqui se fala da força desarmada e desarmante do amor, que vence o pecado salvando o pecador; que à tentação da “demolição” contrapõe a paciente, mas eficaz obra de “restauração”; que supera a violência através da acolhida, a reconciliação e o perdão. É para esta missão que Jesus marca presença entre os pecadores. Bem-aventurados/as aqueles e aquelas que, seguindo Seus passos, mesmo sofrendo os mesmos preconceitos, as calúnias e as perseguição da comunidade, frequentam lugares malfalados e aproximam pessoas mal conceituadas para auxiliá-las a ressignificar suas vidas a partir da experiência da misericórdia de Deus. Não se preocupem com aquilo que o mundo diz de vocês. Basta a opinião do Pai; “Tu és meu Filho amado, em ti ponho meu querer”.
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)