
Venerável pe. Bernardo Sartori
No último dia 13 de dezembro, o Papa Francisco confirmou a opinião dos Teólogos e Cardeais e Bispos que, após cuidadosa avaliação da Positio, haviam aprovado previamente o exercício das virtudes heroicas de nosso conhecido, Pe Bernardo Sartori. Com a aprovação do heroísmo, portanto, fecha-se o primeiro trecho da estrada da Fase Romana da Causa. Agora falta a beatificação e a canonização, cada uma exigindo um milagre.
Gostamos de pensar que para a posteridade, mais santos que nós e “Deo volente”, restam objetivos mais gloriosos que os nossos.
Boa notícia
Nos desculpamos se por motivos diversos levamos muito tempo para anunciar essa boa notícia. Notícias que, além disso, devem dar-nos a conhecer o quanto o Senhor continua a abençoar o nosso Instituto e continua a impulsioná-lo no caminho da missão. Sinal não indiferente disso é o selo que a Igreja quis colocar neste nosso confrade no dia 13 de dezembro de 2021. Sim, porque, com este reconhecimento das virtudes heróicas, a Igreja o devolve ao Instituto, à Diocese de Treviso, à Diocese de Foggia-Troia e à Diocese de Arua, dioceses da Itália.
Um pouco da história de Sartori
No Instituto, onde foi acolhido em outubro de 1921 como estudante de teólogo do último ano antes de sua ordenação sacerdotal. Para a Diocese de Treviso, de onde, ao pé da monumental escadaria do seminário, partiu no mesmo ano de 1921 com a bênção “cumplicidade” de seu Bispo, hoje Beato Andrea Giacinto Longhin. À Diocese de Foggia-Troia, onde em 1934 iniciou a sua epopeia missionária mariana com a fundação do primeiro seminário comboniano do Sul de Itália e da primeira igreja dedicada à Medianeira de todas as graças em chave missionária. Finalmente à Diocese de Arua que, no momento de sua chegada a Uganda em 5 de dezembro de 1934, ainda fazia parte da única diocese do norte de Uganda, Gulu. De fato, no Nilo Ocidental, Pe Bernardo Sartori passou todo o seu longo período evangelizador de 1934 a 1983.
Arua-Lodonga-Koboko-Otumbari-Arivo foram realmente as etapas que, pela grandeza missionária do novo Venerável, podem ser apontadas como uma epopeia mariana em pedra pela marca inconfundível deixada nas igrejas que construiu, mas muito mais por um caminho missionário de espiritualidade mariana.
Pedras marianas
Essas pedras não são silenciosas, pelo contrário, continuam a falar hoje mais do que nunca. Um itinerário mariológico que vai da Medianeira a Tróia que protege e sustenta o pé itinerante de Jesus; à Sultana da África em Lodonga com toda a sua majestade e aquele crescente significativo e ousado na testa; a Nossa Senhora de “Fátima” com muitas semelhanças para a área completamente muçulmana de Koboko; ao Regina Mundi de Otumbari, de memória bíblica, que invoca proteção do alto para a totalidade do cosmos e, finalmente, à Mãe da Igreja de Arivo de clara reminiscência conciliar, o Vaticano II, hoje nunca tão fortemente combatido pelas franjas católicas extremistas.
Presença mariana
Uma Medianeira que indica os limites do mundo (amplos horizontes espirituais e culturais tão necessários numa época em que o quintal parece prevalecer). Um sultão da África que nos convida a superar o medo e a incomunicabilidade para tornar a Igreja e a sociedade uma realidade cada vez mais em comunhão. Uma Regina Mundi que nos convida a ir além dos óbvios significados mundanos do poder distante para descobrir um poder humilde disponível para servir e proteger os mais fracos. Enfim, uma Mãe da Igreja que nos faz redescobrir a força do espírito que remodela as pessoas, as culturas e as Igrejas para que possam representar cada vez mais fatores a serviço da paz, da comunhão, da compreensão e da corajosa transformação.
Método de evangelização do pe Bernardo
O Venerável pe Bernardo Sartori distinguiu-se também pelo seu método particular de evangelização que, pela forma como o viveu, constituiu um unicum entre nós combonianos e que, em alguns dos seus elementos fundamentais, pode e deve ser retomado. Método único para seus “contatos empáticos” com o população Logbara; único pelos seus “safáris”, uma mistura de “visitas capilares”, autênticas “relações humanas e espirituais”, muita “oração pessoal” e grandes penitências, “conteúdos formativos” e assim por diante. Enfim, um método único porque, além de certos excessos que são um pouco cruzados, marcou consciências e comunidades transmitindo-lhes uma espiritualidade mariana e eucarística em chave missionária.
Tempos
Talvez você pergunte por que tanto tempo para alcançar a Venerável para alguém que poderia facilmente ser apresentado ao Santo Padre para ser proclamado “santo imediatamente”? Os tempos da Igreja são sábios e, portanto, muito longos. Recordo que a Causa do Pe Bernardo Sartori foi introduzida em 1998 em Arua e só hoje, 13 de dezembro de 2021, deu o primeiro passo para a beatificação. Um passo, porém, não indiferente, porque nos obriga a aprofundar o conteúdo da vitalidade missionária de um humilde, mas ardente, servo do Senhor e dos irmãos.
De fato, com a aprovação das virtudes heroicas, o Senhor traça os caminhos nos quais nossa vida missionária como Instituto e como Igreja particular encontra inspiração, eficácia e alegria. O Ven. Bernardo pode ser apontado como um exemplo de amor à Igreja local (acreditava e promovia o clero local); ele pode ser destacado pela relação especial que teve com o elemento muçulmano do Nilo Ocidental, representando entre nós um exemplo concreto de reaproximação com este mundo tão difícil; por ter baseado também todo o seu método de evangelização na verdade da relação, na estima e na assiduidade da visita e na oração genuína e quotidiana; viveu como consagrado a Deus e aos homens; ousou, soube adaptar-se ao espírito dos tempos: penso na capacidade de ter aceitado a transformação que o Concílio trouxe também no campo da missão.
Sartori: um verdadeiro missionário
Considero a sua presença na comunidade comboniana como exemplo de espiritualidade (a sua vida foi uma encarnação do primado de Deus) e ao mesmo tempo a encarnação da misericórdia e da alegria entre os confrades e também entre as muitas pessoas que frequentou, conheceu e amou e ficaram fascinados por sua vitalidade e positividade. Muitos em contato com ele absorveram a espiritualidade mariana que o distinguia e que representava um formidável veículo de evangelização missionária. Falamos pelo Ven. Bernardo Sartori de espiritualidade e não de simples devoção. Basta pensar no itinerário mariano em pedra que caracterizou todas as igrejas que ele construiu aqui na Itália e depois em Uganda. Como Missionários Combonianos, penso que estes itinerários terão de ser interiorizados, retomados e repropostos.
Pe. Arnaldo Baritussio