No dia oito de maio de 2021 na Cidade do México fiz minha consagração religiosa através dos votos de castidade, pobreza e obediência no instituto dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus. Terminado o noviciado fui destinado para realizar os estudos de Teologia na comunidade intercontinental Santa Rosa de Lima, em Lima no Peru, comunidade essa que cheguei em julho de 2021. Entre as expectativas para começar os estudos teológicos, existe também a expectativa de estar em uma nova comunidade, viver a experiência em um ambiente diferente do que estava costumado visto que em Lima somos uma comunidade composta por mais de 14 nacionalidades dos quatro continentes: África, América, Ásia e Europa.
Diversidade que aproxima
Essa diversidade é o que faz de nossa vida missionária apaixonante e ao mesmo tempo nos proporciona um verdadeiro encontro com Cristo. Somos convidados a cada momento de nosso dia a dia a estar aberto a realidade do outro, a assimilar formas de pensar e com toda essa diversidade nos colocar em diálogo para a construção da vida fraterna. Como afirma São Paulo em sua carta aos Coríntios o corpo é um, porem muitos são os membros e cada um de esses membros desenvolve uma função específica. Essa metáfora se faz concreta na vida comunitária religiosa, muitas sãos as diferenças, porem todas estão trabalhando em conjunto para fazer funcionar a missão que desenvolvemos na igreja.
Dentro da dinâmica da formação teológica do religioso Missionário Comboniano, temos a oportunidade de conhecer as distintas realidades missionárias do país onde estamos, em meu caso nesse primeiro ano fui enviado a Serra Peruana, para partilhar a vida com essas pessoas por um período de 8 semanas nos meses de janeiro e fevereiro de 2022.
Assim como o evangelho também somos enviados dois a dois, então tenho a alegria de partilhar essa experiência com um companheiro de México. A localidade onde estamos está no estado de Huánuco, na sub-região de Lauricocha, em essa região estamos vivendo em um povoado chamado Huarin, uma localidade com seus 800 habitantes todos campesinos, dedicam a agricultura em especial cultivo batatas, é bom ressaltar que a altitude aqui é de 3800 metros do nível do mar, logo o clima frio e alto é propicio para o cultivo de esses legumes.
Missão com os campesinos
As pessoas sempre nos recebem com carinho amor e muita atenção, nosso objetivo não é fazer um trabalho de conversão como os antigos missionários colonizadores, viemos aqui para partilhar a vida nas atividades cotidianas das pessoas. Seja nos trabalhos, no encontro ao amanhecer antes de irem aos seus sítios, ou na oração noturna do rosário na capela que aqui existe, dedicada a São Francisco de Assis.
Nessa dinâmica todos os dias experimentamos o amor de Deus que é dispensado através das pessoas simples de essa localidade, por exemplo as senhoras, sempre preocupadas com nossa saúde, pela tarde quando regressam de seus sítios compartilham com a gente o fruto de seu trabalho, seja algumas batatas, ovos, frango, leite e uma boa conversa no fim do dia.
Nesses gestos simples experimentamos o amor de Deus e fazemos o possível para ser recíproco esse amor com as pessoas, respeitando sua cultura, sua forma de rezar e ajudando que elas experimentem o amor misericordioso de Deus que se faz presente na cultura campesina, na cultura do “partilhar as coisas”.
Vemos um povo que usa menos o dinheiro e mais o dividir o que possuem, sem duvida é a mão de Deus que se faz presente e mostra que ainda é possível uma sociedade que caminha junta, que trabalha a terra sem destruir e dela partilha os bem presenteados por Deus na forma de alimentos para o dia a dia.
Esse é sem dúvida o maior aprendizado que temos ao estar juntos com essas pessoas: aprender na simplicidade do dia a dia a partilhar o que tem e a cultivar a terra sem destruir, ou seja, cuidar da terra como o que ela verdadeiramente é, um presente de Deus.
Sc. Alex Nunes, MCCJ