Viver o Evangelho com Generosidade
Jesus não minimiza as dificuldades vivenciadas por aqueles que decidem segui-lo. Sabe que não é fácil largar tudo em nome do Evangelho. As sete coisas que enumera (casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos) são o símbolo da totalidade da disponibilidade e da radicalidade da opção de segui-lo. Não são intrinsecamente más. São todas realidades criadas por Deus e, portanto, intrinsecamente boas. O que dificulta é o tipo de ligação que nós estabelecemos com elas. Atrapalham quando as idolatramos e nos deixamos escravizar por elas. Se usamos os bens egoisticamente, sacrificamos nossas vidas às coisas, empobrecemos os outros e nos separamos de Deus e de nossos irmãos e irmãs. Ao contrário, os bens doados fazem comunhão, como na primeira comunidade cristã. A generosidade gera felicidade e constrói desde já o mundo novo que tanto desejamos.
Quando levamos o Evangelho a sério, vivemos uma qualidade de vida extraordinária, relacionamentos significativos, experiências autênticas… Não de acordo com a lógica deste mundo, é claro, mas podemos dizer honestamente que recebemos cem vezes mais do que doamos. É a lógica do Evangelho: a de tornar fecundo tudo o que é dado com generosidade. Como diz o papa Francisco, quem se priva de bens recebe em troca o gozo do verdadeiro bem; liberta-se da escravidão das coisas e ganha a liberdade de servir por amor; quem renuncia à posse obtém a alegria do dom. “Há mais alegria em doar do que em receber” (At 20,35). Trata-se de amar de graça como Deus ama. “O amor – dizia São Bernardo – não busca outro motivo e nenhum fruto fora de si; ele é seu próprio fruto, seu próprio deleite. Amo porque amo; amo para poder amar… A causa para amar a Deus é o próprio Deus; a medida, amá-lo sem medida.”
(pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano)