Vocação: Deixar Deus conduzir o coração
O homem moderno parece viver um movimento compulsivo e frenético em busca da felicidade.
O Papa Francisco convoca as pessoas e de modo especial aos jovens, a irem na contramão.
O CHAMADO se traduz em PAZ.
Vive-se na sociedade atual um misto de contradição entre a plena capacidade de a pessoa determinar seu destino e se sentir impotente diante das fatalidades e tempestades sociais e pessoais que parecem definir nossas opções.
O homem moderno parece viver um movimento compulsivo e frenético em busca da felicidade e da realização pessoal, mas que provoca também uma dicotomia neurótica e fragmentadora do ser, da vida. Um turbilhão de sentimentos que rasgam sentidos e perspectivas e é, exatamente no meio destas contradições que a experiência de Deus nos conduz ao nosso CHAMADO.
Chamado à vida, à experiência do Amor que transcende sentidos e sentimentos, do despojamento de si, para o vestir-se da Presença iluminadora e encorajadora de Deus. Este movimento afetivo nos desafia a entender a Vocação como um processo de entrega, de uma entrega consciente e consistente à vontade de Deus. É nesta atitude de ‘faça-se’ que o Espírito forja em nós a vontade do Pai, no seguimento a Jesus. É na pequenez do ser, que cresce a capacidade de tocar e embeber-se da aliança de amor, entre a humanidade e o divino.
E o mais fantástico é que a experiência do CHAMADO é um contínuo que se dá no simples, no cotidiano, na leveza que nos torna capazes de mesmo:
– no fragmento, experimentar a inteireza,
– na dicotomia e no contraditório, termos o olhar fixo em Jesus,
– no movimento compulsivo, frenético, encontrarmos PAZ.
Jovens com o papa Francisco na Polónia.
A Vocação torna-se então a capacidade de nos humanizarmos, nos aproximando do divino e, embebidos da experiência amorosa de Deus, nos tornarmos instrumentos do Reino, da Igreja.
É nesta experiência de AMOR que rompemos nosso olhar egocêntrico e com os olhos fixos em Jesus, somos capazes de transcendermos ao serviço do Reino, da vida. É nesta mesma experiência que não desistimos da vida, da relação com o outro e da vivência na comunidade eclesial.
Nesta perspectiva nos inspiramos na pessoa de Maria, mestra, mãe que com sua caminhada e resiliência soube permanecer de pé e com os apóstolos, viver a efusão de Pentecostes e o anúncio do Reino. Enquanto filhos de Maria, também nos colocamos em atitude de faça-se, porque meditamos em nosso coração tudo aquilo que parece não alcançar nossa compreensão, tudo aquilo que nos provoca estranheza, por sabermos que a única coisa que temos certeza é da sua Presença e de seu desejo de fazer aliança conosco, de nos fazer vocacionados.
É nesta perspectiva que o Papa Francisco convoca as pessoas e de modo especial aos jovens, a irem na contramão, na luta pela vida, com resiliência e persistência, pois acreditamos que somos apaixonadamente amados e neste amor desejamos SER e VIVER.
Ir. Alexandre Lobo, marista, autor do artigo
Fotos: Sem Fronteiras e Pixabay