
Vozes do 10º Fórum Social Pan-Amazônico – FOSPA
No tapiri ecumênico e inter-religioso tivemos um espaço para que pudéssemos falar sobre os direitos dos povos indígenas. Este espaço foi aberto para que Lucélia Apium – liderança indígena, Mulheres do povo Kaioá-guarani e Davi Kraó vice cacique em Tocantins.
Lucélia nos disse que a resistência dos povos indígenas se iniciou desde a chegada dos invasores a mais de 500 anos. Ressaltou ainda que a luta dos povos indígenas é a mãe de todas as lutas, de todas as resistências, principalmente no momento político que estamos vivendo nesse momento. A estratégia que o governo está utilizando para acabar com os povos indígenas é a aprovação de projetos de lei que vão contra os povos originários. Porém os povos originários não se dão por vencidos, mas iniciam um movimento de lutar e defender os seus direitos. São os povos indígenas e originais que protegem a Amazônia e as florestas. A luta pelos direitos não é feita de modo violento, como fazem os poderosos contra esses povos, mas é feita em modo pacífico através dos meios legais, exigindo que os responsáveis legais atuem as suas obrigações. O agronegócio é um grande inimigo dos povos indígenas, pois deseja invadir os territórios demarcados e habitados pelos indígenas. Outro problema é o garimpo que contamina os rios com o mercúrio, essa poluição não se restringe aos povos indígenas, mas alcança também as pessoas que vivem na cidade, porque a principal fonte de alimentação é o peixe, que em grande maioria está contaminado com o mercúrio.
As mulheres Guarani-Kaioá compartilharam com os participantes que sentem muito dor no coração por causa do genocídio que estão sofrendo os povos indígenas. Lembraram que seu território ainda não é demarcado e corre grande risco se por acaso o marco temporal seja aprovado. Se lamentaram pelas perdas de integrantes da sua etnia, que em defesa dos seus direitos foram mortos e que vivem em um ambiente de medo porque recebem muitas ameaças, principalmente aqueles que estão à frente da defesa dos seus direitos.
Davi Kraó nos falou que nesse momento histórico no qual vivemos parece que estamos regredindo como seres humanos, porque ao invés de viver como povo unido, estamos vivendo em guerra, uma para defender seus direitos e outra para aumentar seus patrimônios. Nessa época de eleições no Brasil devemos ter atenção aos candidatos que se apresentam, para ter certeza que são pessoas que defendem as causas indígenas. Um grande problema que está enfrentando no seu território é o aumento do agronegócio, porque invade os seus territórios, poluem os rios e envenenam os povos indígenas com ouso de agrotóxicos. Todos juntos devemos preservar o meio ambiente, pois todos somos responsáveis e precisamos do meio ambiente para viver. Porém infelizmente os “brancos” não se importam com a natureza, só pensam em encher os bolsos e as suas contas de dinheiro. Concluiu dizendo que lutar contra o agronegócio é perigoso, pois muitos que se opõem são ameaçados e até mortos. Devemos então buscar juntos o bem comum, defender a terra, o bem viver.
A causa indígena não pode ficar nas mãos de poucos, todos devemos tomar como nossa essa luta. Resistir juntos para defender os povos indígenas e a natureza é tarefa de cada um!