Vozes do 10º Fórum Social Pan-Amazônico – FOSPA
Na casa dos Povos e Direitos nos encontramos com Camilo Chica, do movimento Soy porque Somos da Colômbia, Neidinha Suruí, indígena de Porto Velho – RO e Osmana Gonçalves, representante da Caritas. O tema dessa nossa roda de conversa foi Direitos dos Povos das Águas, do Campo e da Floresta das Pan-Amazônias.
A conversa iniciou com o Camilo, que nos apresentou a realidade da luta e resistência dos povos originarios da Colômbia. Se mostrou muito animado com o fato de agora a Colombo possuir um governo de esquerda. Porém a realidade ainda é marcada pela violência, principalmente por causa das guerrilhas. O povo para poder se defender dos abusos e lutar por seus direitos decidiu sair as ruas, de forma pacífica, não usando de violência contra a violência. Além desses momentos de sair às ruas os líderes religiosos se reúnem e fazem momentos de oração em favor dos seus projetos, mostrando que existe uma ligação muito estreita entre o social e o religioso. A grande luta deles é em defesa do direito ao território, invadido pelas multinacionais sem a autorização dos verdadeiros proprietários do território. Dizia:
“Defender a Amazônia não é somente espulsar ou mudar o governo, mas espulsar também as multinacionais que exploram os territórios dos povos originarios.”
A segunda fala foi feita pela Neidinha, ela nos falou sobre a realidade enfrentada no norte do estado de Rondônia. Os indígenas nesse momento vivem uma situação difícil, pois o governo atual não tem programas para eles. E promovem políticas que destroem os direitos dos povos indígenas. Um exemplo disso é o enfraquecimento do órgão público que deveria defender o interesse dos indígenas. Naquela região o principal problema é a grilagem de terras, pois os invadores não respeitam os limites legais das terras indígenas. Para poder lutar contra a invasão os próprios indígenas iniciaram a se organizar para poder defender os territórios e espulsar os invasores. Processos que são marcados com muita violência, principalmente por parte dos mais poderosos. Por último afirmou que uma preocupação dos povos indígenas é a valorização da cultura, projetos para segurança alimentar e que gerem auto sustentabilidade.
A última a conversar com o nosso grupo foi a Osmana Gonçalves, um ribeirinha do norte do Pará. Partilhou as dificuldades encontradas por esse povo das águas. Uma grande dificuldade encotrada é o aumento dos projetos devastadores das multinacionais nessa região. Esses projetos não se importam com a população que vive nessa área, somente pensam nos lucros que podem ter. Sabendo que o rio para os ribeirinhos é vida, é impossível pensar em um “projeto de desenvolvimento” no qual os rios são usados de maneira irresponsável. Para poder enfrentar esta realidade os povos das águas estão se mobilizando e procurando meios legais para enfrentar, de modo pacífico, esses avanços predadores nas suas regiões.
A luta não é fácil em nenhum das regiões. Ficou claro que devemos estar atentos mesmo quando estamos sob o comando de governos que nos representam. Resistir é preciso!!!